My writing

Evandro Affonso Ferreira e eu nos preparando para o ciclo de crítica em outubro de 2013
ESPERANDO GODOT NO ANHANGABAÚ:
O MENDIGO DE EVANDRO AFFONSO FERREIRA
Crítica de Vivian Schlesinger



Sei que somos reféns da própria inquietude. Muitas vezes saímos mundo afora procurando tesouro que está enterrado em nosso próprio quintal... quando tornamos viagem encontramos tesouro nenhum – sequer casa nem mesmo quintal.
Estas frases poderiam resumir o enredo de O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam, de Evandro Affonso Ferreira, romance vencedor do Prêmio Jabuti 2013. Afinal, o romance nada mais é do que a viagem de um homem rumo ao inferno de si. Evoca Dante? Sim, mas lembra também o labirinto borgeano, os clássicos épicos, ou a espera bequetiana. E não por acaso: Evandro Affonso Ferreira conversa de igual para igual com seus mestres de outros séculos, e deixa pistas de suas conversas em cada linha de seu romance. Segundo Vinícius Jatobá, em crítica publicada no Estado de S. Paulo, é justamente essa erudição que reduz a 43 leitores o público de Evandro. Mas o livro tem muito a dizer a um público muito maior do que esse, como logo ficará demonstrado.
Um homem profundamente erudito perambula as ruas de São Paulo há dez anos à espera de N., sua amada, que o deixou, com duas palavras: ACABOU-SE; ADEUS. Isso, o protagonista, não o autor. Mas o autor também pode ser “acusado” por sua   linguagem do abandono, do salve-se quem puder, por deixar o leitor à entrada do romance, ao sabor da intertextualidade erudita sem concessões. Entra-se só, sem aviso, sem pausa para respiração (o romance é um parágrafo de 127 páginas), para ouvir-se a voz do pensamento deste mendigo em sua descida à loucura in totum.
Para o personagem, a lucidez reside nas palavras. Tem medo de perdê-las. E para demonstrá-lo, o autor subjuga impiedosamente as palavras. As frases são curtas, fluidas, com muitas repetições. Economiza artigos e adjetivos (Leitura é lenta, claudicante, tropeços amiúde – mulher-molusco é vítima da miopia.), semeia palavras colecionadas, graves ironias (Organização Mundial de Saúde (tenho certeza) ignora os maltrapilhos alcoólatras de rosto intumescido), imagens sensoriais potentes, tudo para aprisionar, em teia sonora, o leitor: Mãos ferruginosas clamando aproximação suave daquele corpo que espalhava perfumes, diz de si e sua amada. Impossível escapar à tentação da leitura em voz alta. E quanto mais se lê, mais se mergulha no corpo decadente do mendigo, inteiramente arrastado pelas palavras.
O narrador sabe qual será seu fim – todos o sabemos. O mendigo é cada um de nós. Anuncia e teme a morte desde o começo do romance. Inscreve obsessivamente a inicial da amada pela cidade, como se pregasse a salvação. Ao fixá-la no concreto, a ela agarra-se, sabendo – ou talvez, porque sabe - que ela não virá. Mas teme a loucura ainda mais. Talvez seja melhor que o destrambelho in totum chegue antes do desastre parkinsoniano; antes da certeza de não reaver jamais amor perdido; antes da chegada da morte... Não é da morte que o mendigo tenta fugir, mas sim da perda do domínio das palavras. Essa é a obsessão confessa do autor, também.
 O mendigo poderia ser Vladimir, em Esperando Godot, de Beckett, por ser teimosamente anônimo e convicto em sua auto-destruição. Não abre mão da esperança de salvação até quase o final. Aí reside a beleza poética da obra: enquanto persegue sua história de amor, o mendigo deixa de se alimentar, de se banhar, canaliza toda sua energia na esperança. A única função “realista” do personagem é de delinear a decomposição da personalidade convencional mediante a experiência da desilusão.
Quando lhe perguntaram sobre Deus, em entrevista concedida ao Jardim Alheio – grupo de crítica literária, Evandro Affonso Ferreira disse “tenho quase certeza que não existe, mas rezo toda noite”. Assim faz o mendigo. Lembrar a amada é uma forma de invocar a salvação, mesmo sabendo que ela não virá. Assim como recomendou F. Scott Fitzgerald, que é preciso ser capaz de enxergar que não há esperança, mas ainda assim ter a determinação de fazer com que haja. Ele “traz ao romance a profunda consciência do absurdo da existência humana – nossa desesperada busca por significado, nosso isolamento individual, e a distância entre nossos desejos e a linguagem em que os expressamos”. Isso foi dito sobre Beckett, mas aplica-se igualmente ao trabalho de Evandro Affonso Ferreira.
“Para a querida amiga Vivian, este romance da espera inútil. Beijos.” Assim inscreveu Evandro Affonso Ferreira, uma dedicatória a mim no seu O mendigo... Eu já deveria ter desconfiado que Beckett assinava junto.
  

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Andréa del Fuego no Jardim Alheio em novembro de 2013


De sonhante e oneiro, todos temos um pouco:
As miniaturas, de Andréa del Fuego
Crítica de Vivian Schlesinger



Realidade é apenas uma ilusão, ainda que persistente”.  (Albert Einstein)

O que é real, a vida ou o sonho? Temos algum controle sobre a vida? Sobre os sonhos? Em parte, sim, com muito esforço - no mundo criado por Andréa del Fuego em seu romance As miniaturas. No Edifício Midoro Filho, que “fica no Centro” em uma cidade que pode ser São Paulo, pulsa uma máquina burocrática de “oneiros”, terapeutas do sonho, responsáveis por iniciar e facilitar o sonho dos “sonhantes”, que têm, fora do edifício, uma vida verossímil de taxistas, frentistas, alcoólatras.
O conteúdo dos sonhos não é revelado, apenas sugerido, pelo oneiro ao sonhante através da menção de uma miniatura icônica (ovário, chapéu, escafandro), e pelo sonhante ao leitor, através de sua reação à sugestão do oneiro. O leitor, como se estivesse na sala de “terapia”, vê a cena pelos olhos do oneiro, acompanha sua dificuldade, seu tédio e triunfo. Subjacente ao trabalho do oneiro está o temor em fugir às regras, que são um misto de ética médica com cultura corporativa. Não por acaso: o edifício recebeu esse nome em alusão a Altemidoro, filósofo do século II, cujos estudos dos sonhos deram a Andréa del Fuego a ideia para o romance. Porém trata-se de muito mais do que um edifício. “Fica no Centro” em frente a uma catedral, mas nele as pessoas entram, enfrentam filas para os elevadores, recebem sua dose de “sonho” e saem, sem se dar conta.
Os oneiros também nada sabem da vida “real” dos sonhantes, e não dão indícios de saber que há uma vida lá fora. Nas pausas, os oneiros só podem reunir-se em determinado andar para tomar leite, em clara referência à volta ao seio materno. Vivem uma vida de formiga operária: alimentam-se e trabalham. “Não envelheço como vejo acontecer com as pessoas que aqui vêm me ouvir detrás da mesa. [...] Aqui o oneiro [...] é mandado para a reciclagem”. Como isto se dá, não é sabido, as misteriosas entranhas do Edifício nunca são vistas, só intuídas. À medida que o leitor caminha pelos corredores do Edifício, uma vaga sensação de déjà-vu o invade: é o hálito gelado da garganta da burocracia, de Gogol, Dostoyevsky, Kafka. 
Da vida fora do edifício, sabemos os fatos pelos olhos de dois narradores: uma mulher de meia idade, taxista, abandonada pelo marido, beirando o alcoolismo e depressão, e seu filho, de dezesseis anos, inteligente, manipulador, mas ao mesmo tempo trabalhador e criativo. “Minha mãe tem calvície, e precoce. Se o vento bate, vejo o couro cabeludo avermelhado pelo sol ou tinta, não sei.” Em frases como essas, Andréa del Fuego demonstra com sutileza sua haute couture: apresenta a frieza das observações do filho e as fraquezas da mãe, desnudando, em um só golpe, personagens aparentemente já esquadrinhados.   
A densidade desses personagens vai além. Ambos surpreendem por sua capacidade de se emocionar: ela, entrevendo dramas diários com passageiros desesperados (“Um homem grande, esmagado na roupa estreita. – O senhor aceita um lenço?”); ele, quando se depara com sua mãe em coma, após grave acidente (“Peguei em seu pé, debaixo do lençol, uma gota caiu do meu queixo...”). Aí está a maior riqueza do romance: cada um, mãe e filho, tem sua linguagem, sua visão de mundo, sua história juntos e separados, mas ambos têm uma ligação tão profunda, que mesmo aos olhos do oneiro, que desrespeita as regras ao envolver-se com sonhantes que tenham laços familiares, os dois são inseparáveis. O fato de Andréa del Fuego ter escrito esse romance durante sua gravidez pode ter sido o mais significativo na gênese dos personagens.
Além do tema da maternidade, há o tema universal da imbricação entre sonho e realidade: no romance, como proposto por Altemidoro, sonhos são premonitórios ou explicativos, e estão, sim, parcialmente sob controle da nossa vontade. Só que em As miniaturas, não fica claro quem é o dono dessa vontade: o sonhante? O oneiro? Ou será o administrador do edifício? Aí entra um personagem indefinível, aterrorizante, cujas intenções nunca são reveladas, só seu poder. Não é dado nem mesmo saber a natureza de um eventual castigo do administrador, exceto sugestões aqui e ali de demissão do oneiro. Como um pai ausente, mas cuja mera menção do nome faz tremer os filhos, o mistério no Edifício Midoro Filho é aterrador.
E aqui as múltiplas interpretações enriquecem o debate: o que – ou quem - está no controle desse edifício? Uma “Ayesha”, personagem de Salman Rushdie, líder de uma religião organizada, que promete uma vida melhor e age de forma hipnótica? Um “Mágico de Oz”, que dá a cada um o poder de realizar seu sonho, simplesmente levando o sonhante a organizar seu sonho em palavras? Um “Grande Irmão”, que controla todos de forma invisível? Qualquer uma dessas interpretações tem farta ascendência literária, e é provável que Andréa del Fuego, de uma forma ou de outra, tenha visitado todas, assim como Freud cita Altemidoro, e todos nós citamos Freud.
Mas as dúvidas que surgem não são só sobre a verdadeira natureza do Edifício, há muitas. Quase nenhuma é resolvida, o que ao mesmo tempo instiga e frustra o leitor. Se acaso sair dessa leitura insatisfeito, não será por falta de possibilidades, mas sim pelo cerceamento das possibilidades, a partir do acidente sofrido pela protagonista. O cuidado com a linguagem, a brilhante economia de palavras, leva o leitor, virando páginas vertiginosamente, até este momento, que coloca a “Mãe” em coma, na mesma situação que “Ademar”, seu marido, esteve. Só que a partir daí, ao acordar do coma, inesperadamente some o fluxo natural, até então, de situações ora positivas, ora negativas, para os personagens. Tudo fica róseo: o marido que a havia abandonado, volta, e tudo fica maravilhoso entre eles; o filho estabelece-se em uma cômoda relação de puro sexo, no banheiro, com a esposa de seu ex-patrão; a moça assume a total domesticidade entre bolos confeitados, vendidos no posto de gasolina do esposo; a mãe salta, comercialmente, de ideia brilhante em ideia brilhante, e todos ficam felizes para todo o sempre. Até o cachorrinho moribundo recupera-se, milagrosamente.
Dado o absoluto controle da prosa e o método de trabalho de Andréa del Fuego, de definir o começo e fim do romance de antemão, e até começo e fim de cada capítulo antes de escrever tudo,  é evidente que a virada em ritmo e toada não são casuais. É possível, mas não convincente, que esses personagens tornem-se pessoas melhores ao defrontar-se com a morte, e consigam escapar à sua pequenez para criar uma vida real melhor para si e para seus próximos. Mais provável, com esse desfecho, apesar de negar tudo que o romance aponta até ali, é que mediante a desgraça, os sonhos – e pesadelos - ficam menos significativos. Gogol, Kafka, estariam todos errados. A luta pela vida é mais forte que a burocracia do sonho.
Mas antes que o leitor tenha a satisfação de haver desvendado o mistério, a autora dá um golpe fatal na certeza. Ao final, diz o oneiro, “Talvez (a mãe) soubesse que o filho estava aqui e resolveu esperá-lo lá fora, ansiosa para vê-lo de sonho cumprido. A não ser que as imagens daqui não sejam as principais, mas mínimas, laterais e dispensáveis.” Como assim, A não ser? Isso quer dizer que as imagens dos sonhos são as principais?  E nesse caso, como saber se essas imagens não são a realidade, e o que se passa “lá fora”, o sonho? Se o que se passa no Edifício é a realidade, e ela é controlada pelo administrador, surge uma possibilidade ainda mais assustadora: em vez de um Edifício que detém o poder de controlar os sonhos, detém, de verdade, o poder de controlar a realidade. Um plot twist complexo, inquietante. Como saber o que é real e o que é sonho? Como você, leitor, sabe que está lendo este texto? Não estará sonhando que está lendo?                      




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ENTRE O AMOR E A INVENÇÃO:
A POESIA DE FREDERICO BARBOSA
Crítica de Vivian Schlesinger
março de 2013



O pernambucano paulistano Frederico Barbosa é “admirável pela maneira como associa contundência e construção”, conforme Arnaldo Antunes.  Em seu Cantar de Amor Entre os Escombros  (Landy Editora, 2002), o eu lírico é contundente amante: o livro é todo dedicado ao amor, fiel ao deus do significado mesmo enquanto reza no altar da invenção de novas construções.   Quinto livro de Frederico Barbosa, poeta já plenamente consagrado pelo público e por nossa melhor crítica, reúne mais de 20 anos de poesia. Os poemas mais antigos foram escritos em 1980, os mais recentes, em 2002. Conta com vários poemas inéditos e outros que, mesmo quando já conhecidos pelos leitores, ganham leituras diversas ao serem agrupados de forma nova. Nas palavras do próprio poeta, “percebe-se com mais clareza o que são: um cantar de amor entre escombros”.
O conjunto está dividido em oito partes, algumas escritas especialmente para este livro, outras selecionadas de livros anteriores. Quase a metade dos poemas foram originalmente publicados em 1990 em Rarefato, seu primeiro livro, fato que se revela significativo na análise do presente conjunto.  Os títulos de cada seção já indicam o caminho fortemente sensorial dos poemas e da organização da obra em si: Formas de Sentir; Sua Voz, Sua Visão; Sussurro Suave e Vivo; Na Caverna Escura; Sono Silêncio; De Sonhos de Ser; Este Mar, Meu Coração; Revolução Permanente.  Além do significado dos títulos, os sons sibilantes e terminações fechadas aproximam o leitor, sussurram ao seu ouvido o que está por vir.
“Formas de Sentir”, que abre a sequência, foi escrito especialmente para esta publicação; é composto por seis poemas curtíssimos.  O título fica próximo ao topo e os versos deslocados para o pé da página, de modo a deixar amplo espaço em branco.  Os títulos dos poemas, tais como “Desenhos”, “Perfumes”, “Vozes”, são nada mais do que sugestões, mas as sensações tomam forma, pelas mãos precisas, experientes deste poeta.  Podem ser lidos como as primeiras sensações entre dois seres que acabam de se conhecer.  O erotismo é latente, seja pela forma, seja pelo conteúdo. Este é o caso, por exemplo, de “Sobporos”, onde a leitura exige tal aproximação do leitor, que sugere precisamente o ato de se observar alguém de muito perto, que até se possa lhe ver os poros.  É altamente erótico, sem se quer aludir a isto - obra de magia das palavras e sua escultura.

Já em “Sua Voz, Sua Visão”, composto por poemas de 1990 e outros de 2000, o erotismo perpassa tudo, mas com o distanciamento de quem fala do prosaico.  Mera armadilha: o leitor, desavisado, não consegue despregar os olhos do que vê, como em “Jeans”:
A carne forçada
sob a calça jeans
quase explode
querendo sair.

O tecido vibra
fibra a fibra
trêmula grade
implodido jardim.

Enquanto a carne
flora pura
implora em si.      

Há aí preciosidades colhidas no cotidiano, cascalho iluminado pelo ourives, para que o leitor perceba seu brilho.  “Paulistana de Verão” é exemplo: 

.../o vento
leva-lhe a quase
saia
e vê-se a jóia
surpresa lapidada

Em alguns poemas, a forma enriquece sensivelmente, mas há alguns de tal densidade que suscitam a questão da forma como possível distração.  É o caso de “O”, cujo impacto da figura de flecha, raio, ou até abat-jour, um tanto óbvios no poema, desvia o olhar da riqueza de

.../selado e rápido
um ar raro um raio
trans
passa
e
per
fura.../
  

Talvez pelo longo arco de tempo entre a publicação dos primeiros e últimos poemas desta seção, talvez por escolha do autor, fica clara uma mudança na relação com o concretismo.  Nos poemas mais antigos predomina o apuro gráfico, que segundo Amador Ribeiro Neto (Cronópios), é “um zelo que deriva luxuosamente da Poesia Concreta”, enquanto que nos mais recentes, a marca é o lirismo.  “Fragma Dias III”, publicado em 1990, é um bom exemplo do que poderia mudar caso fosse escrito dez anos mais tarde.  Cuidadosa análise desta estrofe revela significados múltiplos, provenientes em parte do movimento lateral dos versos:

III
CAI
          mergulhando
d           (sem) 
                                                                      e cabeça
        da ponte
          n           (por)
          o reflexo
       perplexo
EM SI

Não há dúvida que a forma aqui reforça o movimento vertical da queda, e ainda permite olhares para ambos os lados “durante a queda”.  Mas será que este poema perderia algo, caso os versos estivessem centralizados na página e alinhados à esquerda?  Será que o alinhamento não devolveria, talvez, a merecida percepção da tragédia, da tristeza, da falta de alternativa a “cair em si” ao “cair da ponte”?
III

CAI
mergulhando
de (sem)
cabeça
da ponte
no (por)
reflexo
perplexo
EM SI
 
É impossível dizer como, e até se, o poeta teria escrito este poema dez anos mais tarde, mas uma vez selecionado para esta coletânea, e inserido particularmente onde foi, é imprescindível procurar entender como isso leva a uma nova leitura.  O poema não perde valor por seu apego à forma, na escola do Concretismo, mas despojado destas vestes ganha em limpidez:  vê-se até o fundo.  Para o crítico literário Manuel da Costa Pinto, Frederico Barbosa é “possivelmente o poeta que mais explicitamente assume sua dívida para com o concretismo.”(Fabiano Calixto, Lamparina Editorial).  A pergunta, então, é:  até onde vai esta dívida? 

Na seção “Sussurro Suave e Vivo”, os seis poemas recebem títulos de canções de jazz, da década de 50, românticas e inseparáveis da ambientação de dança lenta, em nightclubs aconchegantes.  São sensualidades enroscadas em blues, arrebatamentos de corpos.   Evocam um casal em fase de namoro, mas já com conhecimento do território mútuo.  São poemas publicados nos primeiros livros do autor, todos centralizados na página, para ganho de alguns, tais como “Blue Moon”, que sugere um raio de lua incidindo sobre uma superfície líquida, e indiferente para outros, como “Moonlight in Vermont”.

A seguir, “Na Caverna Escura”, os títulos dos poemas não têm unidade aparente, mas os poemas em si fazem alusão à vida a dois, seus medos, desencontros, “semáforos de impaciência”, encontros epifânicos.  É nesta seção que se encontra o poema-chave da obra, cujo verso deu origem ao título:  “Raro Cantar”, publicado já no ano  2000, desenha a trajetória de um grande amor.  Primeiro, os amantes têm medo, por medos passados, “do sim”; depois, cheios de “nós, cegos entrelaçados” brotavam; hoje, “tramamos nós ao vento, desatados.”  Aí é que se ouve o cantar de amor entre os escombros.

Neste grupo, no mesmo diapasão, ecoa “Nós/ Paisagens”, uma série de poemas também escritos especialmente para esta publicação.  O engenho rítmico e musical são sua marca:

4

onde vou
levo-me

onde sou
nós
vôo
ao fundo
  
Nesta série, a sofisticação imagética aliada à musicalidade resultam em cristalina simplicidade: les mots justes do poeta maduro.

O leitor será surpreendido em “Sono Silêncio” por uma ilustração de grande impacto: uma serpente minimalista, como que pronta a dar o bote nos poemas, ao lado.  São três, centrados na memória do amor e erotismo, na ausência, na insônia, em clara referência à perda.  O título da seção remete à morte, e assim é com esses poemas.  Nesta luz, a interpretação da ilustração é bastante direta.

“De Sonhos de Ser” também é uma sequência curta, mas de poemas centrados em outro sujeito:  uma menina  (“Menina Lendo”), ao que tudo indica, filha do eu lírico.  Aí não há escombros, não há tristeza, há sobretudo uma relação construída através da leitura.  Os sonhos de ser do eu lírico e do sujeito se misturam.

Logo em seguida, em “Este Mar, Meu Coração”, o eu lírico afasta-se do sujeito, despersonaliza-o, volta a vestir o poema com forma chamativa.  Submerge o lirismo.  Dá a impressão de uma obra ainda inacabada, até pela variação entre título e não-título, font pequeno e font muito grande, ocupação da página, e sonoridade.  O próprio autor refere que esta seção é parte de um livro que estava escrevendo naquele momento, Grito Solar- anatomia do desejo, até então não publicado.  A grande exceção é o poema publicado em 1993, “Sol Syl”, um “clássico” concreto de amor, na melhor tradição de Augusto de Campos.

“Revolução permanente” fecha a coletânea, com poemas extraídos de seu primeiro livro, Rarefato.  Frederico Barbosa, em entrevistas diversas, afirma que sem inovação não há poesia.  Está em revolução permanente, à busca desta inovação.  E nesta óptica, o poema que fecha o livro, intitulado “Falso Final” é o mesmo que dizer que a atual ordem será imediatamente desfeita por algo novo.  Subjacente a esta premência está a hegemonia da dicção concretista na poesia brasileira.

Mas há outra, mais profunda, camada de significado, que revela a maior densidade analítica da obra.  Se é de amor que se canta, o último poema, “Falso Final”, dá indícios de que entre escombros há sempre uma surpresa à espreita.  Se os escombros são a vida, há sempre amor à espreita.  É falso o final daquele amor que está entre escombros.  São imensos, a beleza e o lirismo da obra toda.  Independente do respeito às suas influências confessas (João Cabral de Melo Neto, Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari), e mesmo com alguns poemas calcados até o queixo nesta tradição, Frederico Barbosa, com esta coletânea, vai além de  permitir que se perceba com mais clareza o que são estes poemas:  demonstra que já saldou sua dívida, e está a construir sua nova casa.  Acerta em cheio Antonio Candido: “o lugar de Frederico Barbosa é entre os verdadeiros poetas de sua geração”.

Título:  Cantar de Amor Entre os Escombros
Autor:  Frederico Barbosa
Editora:  Landy Editorial, 112 páginas
Ano:  2002



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Ricardo Lísias no Jardim Alheio em abril de 2013


Matei o melhor de mim:  O céu dos suicidas, de Ricardo Lísias  
Crítica de Vivian Schlesinger 
Abril 2013        




Um jovem especialista em coleções, licenciado em História, culto e angustiado, busca, entre surtos de mania e de depressão, parte imaginária de si.  Tem um delírio recorrente a respeito de um amigo psicótico, a quem chama de André, e para quem construiu uma vida paralela detalhada.  O amigo imaginário, ex-colega de faculdade e de república, é generoso, sabe cozinhar, faz amigos com facilidade, é em tudo o inverso do próprio Ricardo.  Mas André tem inexplicáveis crises, que o levam a repetidas internações em clínicas psiquiátricas, de onde “conta” detalhes ao seu criador, Ricardo, cada vez que tem alta.  Em um dado momento, André se “hospeda” na casa de Ricardo, quebra tudo que há lá, e Ricardo o expulsa.  Ainda ligado a esse amigo imaginário, Ricardo “recebe” um telefonema de André alguns dias depois, pedindo ajuda, mas Ricardo recusa-se a ajudá-lo.  É aí que André se “suicida”.

Não é isso que está escrito, mas tudo isso é contado de forma muito pessoal em O céu dos suicidas, dando ao leitor a sensação de acompanhar o narrador, Ricardo, com uma câmera de vídeo, enquanto o atordoado protagonista entra e sai de surtos de euforia, confusão, agressividade, lapsos de memória.  Estes sintomas não são raros entre pessoas acometidas pelo transtorno da bipolaridade, mas em menor grau refletem crises que todo habitante de grande cidade passa em algum momento de sua vida.  O tamanho exíguo dos capítulos é um recurso eficiente para dar a imagem de alguém em surtos, em crises agudas e de intervalos rápidos.  A linguagem sincopada, reduzida a frases curtas e com palavras repetidas aqui e ali, reforça sutilmente a sensação de ansiedade do narrador. Ele conta, em primeira pessoa, sua trajetória errática em busca de ouvir de alguém, quase que qualquer um, que suicidas também vão para o céu.

Mas nesse romance nem André, nem os fatos “biográficos” do narrador aparecem ex nihilo: o relato começa pela volta à infância, ao fato que considera o mais significativo. Foi um metódico colecionador de selos, de tampinhas de garrafa, de dados sobre variação na moeda, de fatos sobre o time de futebol favorito.  Confessa ter sofrido da obsessão com colecionismo. Conta seus altos e baixos: uma coleção que começa aqui, outra que termina ali, jogada no lixo da estação de metrô.  “Trato meus problemas em silêncio. Eu os organizo e reorganizo na cabeça, como se fossem uma coleção, até solucioná-los”, diz; mas poucos parágrafos adiante, joga fora as tampinhas, em um impulso.  Em momentos de crise, em vez do silêncio, grita na rua, e desespera-se com a sensação de que ninguém o ouve.  Oscila entre o conforto da sensação de controle, exercido pelo colecionismo, e a perigosa fragmentação da realidade, colocando-se em situações de perigo.  Vai da saudade de algo indefinível até o ódio e desprezo por outros colecionadores, a quem agride violentamente.  Nos episódios em que coisas ruins lhe acontecem, culpa sempre os outros, mas não fica claro se não é o próprio Ricardo que causa estes desastres, o que reforça a hipótese de bipolaridade.  Não viria como surpresa ao final do romance uma revelação do tipo que aparece em Fight club, de Chuck Palahniuk.

É disso, mas não só disso, que trata Ricardo Lísias nesse romance.  O jovem autor jogador de xadrez, tradutor, corredor e professor, escolhido pela Granta entre os melhores escritores jovens brasileiros, exerce de forma sistemática, neste livro, a prática de vestir a ficção com adereços realistas, no intuito de mostrar ao leitor que a ficção tem sua própria realidade, e assim, valorizar a leitura da ficção per se.  Engana o leitor, como faz a boa literatura; exige dele máxima atenção para não derrapar nas curvas da ficção e cair na armadilha da realidade.              

A estrada é sinuosa: a começar pela confusão causada pela homonímia do protagonista e autor, passando pelas semelhanças geográficas (faculdade na Unicamp, moradia em São Paulo), até diferenças mínimas, plantadas propositadamente para aproximar autor e narrador, enquanto aparentemente os afasta (autor é licenciado em Letras, narrador em História).  Se a intenção fosse afastar biografia e romance, por que não atribuir ao personagem a faculdade de Medicina, ou colocá-lo em outra cidade do interior de São Paulo, ou de outro Estado, menos familiares ao autor ?  Não por insuficiente pesquisa, como demonstrou ao se preparar para escrever O livro dos mandarins. Se manteve personagem e biografia tão próximos, o fez com objetivo literário.  Cabe ao leitor descobrir qual é, e se o realizou.  É fútil a discussão sobre a biografia do autor, nessa ótica, mas é inegável que a confusão resulta em curiosidade (mórbida?) do leitor e com isso amplia significantemente  seu sucesso comercial. E a utilização do nome do autor em personagem coloca Lísias em boa companhia: Philip Roth, John Updike, Alberto Manguel, Sylvia Plath, entre outros, também o fizeram.

Autor de Duas Praças (finalista do prêmio Portugal Telecom 2006) e Anna O. e Outras Novelas (prêmio Jabuti 2008), Lísias estruturou O céu dos suicidas em 90 curtos capítulos.  Ordenados quase como um diário, apesar de não haver data, pode presumir-se que estão em ordem cronológica, com exceção de flashbacks que remetem ao período que antecedeu a morte do amigo. Interpretado como um bipolar, esse personagem busca reconciliar-se com a ausência de parte de si, aquela que já lhe causou tanta confusão que o levou a criar um mecanismo de eliminação de seu outro, o “suicídio” do outro.
                                   
Visto de outra forma, e há várias plausíveis, é possível entender o protagonista como alguém que busca a volta a um tempo passado, quando até grandes sustos se transformam em doces memórias.  André, o amigo que simboliza o passado, é “lindo”, querido por todos, mas incompreensível, e, às vezes, destrutivo. André surge na vida de Ricardo já adulto, na faculdade, no momento em que Ricardo passa a viver longe da família.  “Juntos”, vivem experiências típicas de jovens nessa fase:  bebedeiras, visitas a casas de massagem, adoção de novos hobbies (culinária).  Portanto, André pode representar um período de liberdade na vida de Ricardo, em que há momentos maravilhosos e outros de solidão e autodestruição.

Neste, como em vários outros romances e contos de Lísisas, o protagonista não passa por um desfecho conclusivo, mas, entre o começo e o final, há um bem delineado arco de mudanças.  Seja pela interpretação psiquiátrica, seja pela universal, o protagonista não se fortalece com o sofrimento; ao contrário, sai ferido e fragilizado.  Também neste ângulo o autor se posiciona de forma coerente com o que considera a boa literatura contemporânea:  aquela em que contar a História é menos importante do que contar o que acontece com a vida das pessoas em consequência da História.  E isso ele faz de forma contundente.  Como diz Martin Amis, em Casa de encontros, “A dor que não te mata, não te fortalece. Te enfraquece, e te mata mais tarde.”
                                               
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Carlos Felipe Moisés no Jardim Alheio em junho de 2013

De pai para filho, da alegria ao desespero:


COLTRANE BALLADS
(Carlos Felipe Moisés, Noite Nula, Nankin, 2008)

Crítica de Vivian Schlesinger

“Coltrane Ballads” é um poema que usa a linguagem musical para demonstrar o vínculo entre pai e filho, a tentativa “de criar um pendant verbal... lidando com as palavras como massas sonoras, não só como conteúdos,” segundo o próprio autor, em entrevista a Ricardo Silvestrin.  É através da relação do sujeito poético com a música de John Coltrane que o leitor descobre a perda do filho, a dor insuportável que isso causa ao pai, e a remota esperança do reencontro.  Dividido em quatro partes desiguais, numeradas, o poema começa, no primeiro segmento, com o registro dos tons e instrumentos ao fundo (“sax tenor... agudos/ suaves..).  Em tom intimista, entra a voz poética em primeira pessoa, a revelar que essa música ficou no passado, na memória, “Desde então sei/ de cor.  Nunca mais ouvi mas/ sou capaz de cantarolar nota/ por nota...”  A tristeza contida prenuncia-se mediante esse “então.”   
O segundo segmento tem um tom mais prosaico.  É um diálogo entre pai e filho (“Emprestou né pai?”), sobre uma conversa do filho com um amigo.  Ao dar voz ao pai e ao filho, o poeta dá concretude ao sujeito do poema e a seu interlocutor, e os aproxima do leitor.  A música de Coltrane os une:  o pai dá ao filho o CD (ou vinil?), “Pode ficar : é seu./ Você/ ouve melhor do que eu”./  Tem-se a sensação de intimidade partilhada com o leitor.  A angústia, vagamente sugerida no segmento anterior, intensifica-se e começa a tomar forma.  Apesar da emoção contida, as quebras nos versos, e o deslocamento lateral da palavra “Você” referindo-se ao filho, lembram uma pausa por embargo na voz poética, um nó na garganta.  O segmento, que começa distante, no tempo passado (“Um dia ele ouviu...”) termina no presente (“Pode ficar: é seu./ Você/ ouve melhor do que eu”).  O leitor sabe que está diante de algo muito grande, maior do que o sujeito do poema, mas ainda não é possível definir-se a origem dessa angústia.  As rimas, raras, dão leveza aos versos (me viu, sorriu; me deu, é seu, que eu).  Nada prepara o leitor para o que vem a seguir.  
É avassalador:  “a casa toda desmorona,/”.  No terceiro segmento a voz poética se descontrola.  Surge uma torrente de metáforas contundentes em numerosos versos que se deslocam no papel, ora para a direita, ora para a esquerda, tal qual águas que se extravasam repentinamente de uma represa.  É o desespero em palavras.  Em contraste com o segmento anterior, nada há de prosaico aqui.  A referência ao nome de duas faixas do Ballads, “Say it, Over and over again,” e “You don’t know what love is,” também são pistas do que o sujeito poético ouve:  repita outra e outra vez, tente, tente, e a voz na noite nula que diz, quase em tom acusatório, você não sabe o que é o amor. 
Nesse segmento estabelece-se a filiação do poema ao livro, Noite Nula, no verso “...no meio da noite/ nula uma voz reboa...”.  É no desespero, na inutilidade de lutar contra o esmagamento, “Tentei, tentei, continuo a tentar...”  que esta voz se rende, “...não ouço/ mais nada.”  Todos os poemas do livro, afinal, dão vida a pessoas mortas, uns com mais, outros com menos carga emocional, mas todos com a marca da memória, de impedir que sejam engolidos pela noite nula.  Noite nula é noite de perda: na noite nula, algo se desintegra.   Carlos Felipe Moisés não poupa o leitor, explora todas as possibilidades, por crer que nenhum fato seja indizível.
No último segmento há a volta à contenção através da disciplina da música e da economia de versos.  Nada resta se não sonhar com o reencontro: “...um dia/ vamos ouvir tudo de novo/ lado a lado”.  A repetição dos dois agudos, suaves sequências, “ouvidos” no começo, fazem o papel que fariam no jazz, de retomar alguns acordes, mas não fazer tudo igual, criando um novo nuance com os mesmos elementos.  Dá à perda uma nova dimensão, a da eternidade que separa este pai de seu filho.  É justamente ao sonhar com o dia do reencontro que o sujeito do poema faz lembrar que esse dia não chegará enquanto ele viver.  O leitor sente a dor deste pai.  Na melhor tradição pessoana, Carlos Felipe Moisés finge:  
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.

(Fernando Pessoa, Autopsicografia)

  
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BEN GURION
Concurso Literário
hebraica São Paulo
Este livro foi publicado com os textos vencedores
de 2010, 2011, e 2012
Meu poema, "Terminal", está na página 146. 



PAPAYA DAWNS 

PAPAYA NA MADRUGADA

Poems - Bilingual edition

   order at vivianschlesinger@gmail.com

Praise for Papaya dawns

Na opinião dos críticos

Papaya dawns is really a lovely, sensual poem in either language.  I love the movement from sex to food and back to sex again, and the movement from night to day.  This poem has a biorhythmic cycle that feels just right.”
Papaya na madrugada é um poema delicioso, sensual em qualquer idioma.  Adorei a transição do sexo às frutas e de volta ao sexo novamente, e a transição da noite para o dia.  Esse poema tem o biorritmo perfeito.”   

Janka’s sealed trains—a horrifying list of the first things one erases about a bad experience:  the details that cause the pain.  They cannot be allowed to fade, but they also are unbearable to live with every day.  It’s so powerful, this ending, with its irony.”
janka e os trens trancados—lista aterrorizante das primeiras coisas que se apaga em uma experiência ruim:  os detalhes dolorosos.  Não se pode deixá-los desvanescer, mas é insuportável viver com eles todos os dias.  É tão poderoso o final, com tal ironia.”  
Dan Waters
 Poeta Emblema (Poet Laureate) de Martha’s Vineyard desde 2006

“My dear Vivian, there is a heart in your poems, as well as originality, stylistic vigor.  I imagine that one day the heart pulse may overrule the style.  This book is your poetic baby.  Keep writing to give birth to many more.”
“Querida Vivian, há um coração em seus poemas, e originalidade, vigor no estilo.  Imagino que um dia o pulso poderá subjugar o estilo.  Esse livro é seu bebê poético.  Continue escrevendo para dar a luz a muitos mais.”
Mira Hamermesh
BBC  award-winning film maker, artist and writer

“The poems metamorphose in a stolen kiss, in an anxious telegram, in flowering eyes, in shards of glass or in clouds of coffee.”
 “Os poemas se metamorfoseiam num beijo roubado, num telegrama aflito, em olhos floridos, em cacos de vidro ou em nuvens de café.”
Reynaldo Damazio
crítico literário da Folha, editor, poeta

 “Dear  Vivian, your poems seem to me to have a strength and integrity which makes me quite happy for you to use one of my poems as an epigraph for your book.”
“Cara Vivian, seus poemas me parecem ter tal força e integridade que  fico  muito feliz que você use um dos meus poemas como epígrafe em seu livro.”

Ruth Fainlight, escritora, poeta, libretista
Prêmio Livro do Ano dos Críticos Literários Britânicos 2010   

outra qu4rta-feira

Antologia de Prosa e Verso

   
       order at vivianschlesinger@gmail.com

            Esta antologia reúne textos, em prosa e verso, de doze autores com formações e estilos muito diversos.  Todas as quartas-feiras, ou quase, esses autores se encontram para fazer e discutir literatura, para ler e ouvir, sentir e pensar os meandros de um ofício que toca fundo na linguagem humana e seus labirintos.
            A oficina literária que deu origem a este livro, e que se realiza há quinze anos, tem a coordenação do poeta, tradutor e ensaísta Carlos Felipe Moisés, que confessa bem humorado ser impossível “coordenar esse grupo formado de sensibilidades heterogêneas, todas vacinadas, de nascença, contra qualquer espécie de coordenação”.
O resultado são os capítulos de lirismo redivivo, inquieto e provocador, das cenas e personagens de um cotidiano imaginado, que agora transcendem o círculo intimista da oficina e chegam ao interlocutor hipotético, nas dobras da cidade, nas esquinas do verso, nos cruzamentos movimentados entre o trágico e o cômico.
Que os leitores deste Outra qu4rta-feira abram as portas do livro, respirem fundo e fiquem à vontade...
Reynaldo Damazio, crítico da Folha 

NARRATIVAS E POÉTICAS

ANTOLOGIA DE PROSA E VERSO



CONCURSO GUEMANISSE POESIA E PROSA 2008

  textos vencedores

(Poema premiado: "Pai")

 
Embora sejamos amadores no trato da palavra e na forma de nos comunicarmos temos a consciência de que nada é por acaso e muito menos em vão.
A narração de histórias, uma das artes mais antigas do mundo, possui sua importância como primeira forma consciente de comunicação literária elaborada pela humanidade, com o intuito de difundir, ao longo de suas gerações toda a diversidade cultural existente.



2 comments:

  1. Muito bom, parabéns! Estarei aqui todos os dias!

    Bjs
    Michel Neumark

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  2. Parabéns, vi, pelo blog, tá bem legal. Sugestão minha, coloque um contador de pessoas que estiveram nele. No próprio blog tem um lugar que ensina como fazer.
    beijão
    Ruben.H

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