janka’s sealed trains
he
finds her, she is lost to herself/ he holds her, blows life back into her/
tells her tell me all about the war tonight/ and we will not utter the word for
ten years
she
fourteen rich cracow cream safe pianist mom officer dad ordered to move cramped
apartment work since dawn like an adult bed at dusk like a child transfer on
truck furious barking uniforms to ghetto hell what could be worse vows to hate
uniforms forever now you can’t work learn to beg and wait rumors of prison
camps no no they are labor camps await transfer in sealed trains on filth and five day thirst to
bergen belsen vows never to ride a train again greeted by violins strung with
barbed wire meet the furnace learn the art of invisibility beg to work steps to
final solution germans extract cherubic choir voices from walking piles of
bones vows to despise choir forever if there is any no papers no letters no
food no hair mother dying father a fourteen year old daughter’s hero sitting
home in officer’s garb under a halo from hague she and mother in cotton stripes
toes freezing solid entrails burning typhoid fever lice don’t seem to mind
kappo bat language years like ice water down her spine weak but alive sick but
stubborn dead but alive works for schindler’s print shop can wash hands to keep
papers clean a luxury brings back a rotten potato incalculable wealth hidden
under cotton stripes scale says dead she says alive refuses to give final step
to solution war ends mother ends british
feed the dead canned beans soldier rations unprepared to see life after death
especially surprised politely annoyed jewish god has saved some resurrected
others camp is free they have nothing are nothing drags the 27 kilos left of
her bones kilometers to find work rather than wait for final solution death or
insanity same thing first she wants a toothbrush alive will deliver herself be
born again write her own equation that night be silent for ten years or ten
lives whichever comes first
she
marries him/ he writes chronicles of good men/ he dies/ she writes the
truth
janka e os
trens trancados
ele a encontra / ela perdida de si / ele a abraça /
sopra de volta a vida nela / diz-lhe me conte tudo da guerra esta noite / e não
diremos mais a palavra por dez anos
ela quatorze rica crème
cracóvia segura mãe pianista pai oficial obrigada mudar-se apartamento
apertado trabalhar desde madrugada como adulto cama ao anoitecer como criança
caminhão transfer uniformes latindo furiosos ao inferno do gueto o que poderia
ser pior jura odiar uniformes para sempre agora você não pode trabalhar aprende
mendigar e esperar boatos de campos prisão não não campos de trabalho esperar
transfer trens trancados na imundície sede de cinco dias para bergen-belsen
jura nunca mais andar de trem recebida por violinos de corda de arame farpado
conhece os fornos aprende a arte da invisibilidade implora trabalho passos para
a solução final alemães extraem vozes de anjos em coro de pilhas de ossos
ambulantes jura odiar coro para sempre se isso existir sem documentos sem
cartas sem comida sem cabelo mãe morrendo pai herói de filha de quatorze em
casa em uniforme de oficial sob abóboda de haia ela e mãe em listas de algodão
artelhos congelados entranhas queimando febre tifoide piolhos não se importam
cassetete língua de kappo anos feito água gelada na espinha fraca mas viva doente
mas teimosa morta mas viva trabalha na gráfica de schindler pode lavar as mãos
para não sujar papel limpa um luxo traz batata podre fortuna incalculável
escondida sob listas de algodão balança diz morta ela diz viva se recusa dar
passo final à solução guerra acaba mãe acaba ingleses dão aos mortos feijão enlatado
ração de soldado sem preparo para ver vida após morte especialmente surpresos
polidamente irritados que o deus judeu salvou alguns ressuscitou outros eles nada
têm nada são ela arrasta os 27 quilos que sobraram dos seus ossos quilômetros
achar trabalho em vez de esperar morte ou insanidade mesma coisa primeiro quer
escova de dentes viva se libertará nascerá outra vez escrever sua própria
equação aquela noite fazer silêncio por dez anos ou dez vidas o que vier
primeiro
ela
o desposa / ele escreve crônicas de homens bons / ele morre / ela escreve a
verdade
Postado em nome de Marieta Boimel:
ReplyDeletePost- De novo, fiquei emocionada com o post.O sofrimento intenso, a dor a que só os fortes podem resistir apesar da fragilidade que a tragédia despejou sobre os sobreviventes. É imaginação ou traz um pouco da vida de seus sogros? Pode até não ser, mas sugere.
Beijo
Marieta
Querida Marieta,
DeleteObrigada, obrigada, obrigada. Acertou em cheio, "Janka" é o nome da minha sogra em polonês, aqui "Janina".
beijo
Postado em nome de Angélica:
ReplyDeleteBacana, Vivian, com prazer.
Vou visitar depois com mais calma, mas já entrei, dei uma olhada e gostei do que li.
Piano tunner dói, até pq tenho uma amiga que parece ser a musa dele...
Um abraço, sucesso,
Angélica
Valeu, Angélica!
Deletebeijo
vi
Postado em nome de Eric Dantas:
ReplyDeleteOlá Vivian, como vai?
Obrigado pela divulgação do lançamento de meu livro no seu blog. Estou bastante contente.
Quando eu souber de qualquer novidade literária (curso, sarau, prêmio, palestra, feira de livro etc) eu te aviso.
Grande abraço.
Eric