Monday, October 1, 2012

Um caso de amor entre dois rios:  meu poema vencedor
 
Quando os rios colidem: incríveis confluências ao redor do mundo 

Um poema de Marly de Oliveira* conversa com um poema de João Cabral de Melo Neto**.  Esta "conversa" que escrevi foi o poema que recebeu o prêmio da Academia Paulista de Letras (ver post, abaixo).  Chamei a conversa de

 A Língua da Água

                        para João e Marly
 
Rios labirintos, vivem
o fluir sem medo ou dúvida
para brilhar nas águas claras,
cristal e ouro do cascalho.

Rios de mãos dadas, vivem
na língua da água, no leque do vento,
em tênue fio, um rio, sonolento
até o outro de si, um vale, por dentro.

Viver vale o suicídio, desaguar
um renovado no outro, o outro
de si renascido, o leito esculpido na memória,
para fugir, na morte, da vida em poças.

*O Tibre, o Arno, e os rios (Antologia Poética, org. João Cabral de Melo Neto, Editora Nova Fronteira, 1997)
** Os rios de um dia (A Educação pela Pedra e Depois, Ed. Nova Fronteira, 1997)

Descobri, mais tarde, que foram apaixonados um pelo outro, casando-se em 1986, ele aos 66 anos, ela quase 20 anos mais jovem.
  

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